sábado, 6 de junho de 2009


ALGODÃO

Gossypium hirsutum L.

O algodoeiro, planta da família Malvaceae é cultivado, no Brasil, em três macroregiões, a Norte–Nordeste (Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia), a Centro–Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) e a Sul–Sudeste (São Paulo, Paraná e Minas Gerais). Em todas elas encontram-se diferentes sistemas de produção, desde pequenas glebas, de agricultura familiar, até culturas empresariais, de alto nível tecnológico. Os conceitos e recomendações a seguir, aplicam-se às duas últimas regiões, especialmente à cotonicultura realizada no Estado de São Paulo.

Exigências ambientais: o algodoeiro é planta exigente, quanto à qualidade do solo. São desfavoráveis para o seu cultivo as glebas acentuadamente ácidas ou pobres em nutrientes, as excessivamente úmidas ou sujeitas a encharcamento e os solos rasos ou compactados. Com respeito a condições climáticas, exige, para um ciclo de aproximadamente 160 dias, e dependendo do desenvolvimento e produção das plantas, um suprimento de 750 a 900 mm de água, bem distribuídos no período. Após os 130 dias de idade da cultura, chuvas excessivas ou persistentes comprometem a produção e a qualidade do produto. Durante todo o ciclo, necessita de dias predominantemente ensolarados, com temperaturas médias entre 22 e 26oC. Satisfeitas tais condições, a cultura tem sido realizada com sucesso em altitudes variando de 200 até 1000m. Nas altitudes maiores o ciclo pode ser alongado em 30 dias ou mais.


Cultivares:
além de possíveis diferenças no potencial de produção e de qualidade da fibra, cultivares de algodoeiro se distinguem, pelo menos, por quatro características, que pesam na sua escolha para plantio: a) porte e conformação da planta, o que condiciona adaptabilidade a diferente sistemas de produção; b) duração e grau de determinação do ciclo produtivo, o que tem implicações na época de semeadura, exigências nutricionais e manejo da cultura; c) rendimento no beneficiamento (porcentagem de fibra), fator de escolha que resulta da forma de comercialização do produto (em caroço ou pluma) pelo produtor; e d) resistência ou tolerância a doenças, ponto decisivo segundo o histórico ou probabilidade de ocorrência de patógenos na área a ser cultivada. Acham-se disponíveis no Brasil numerosas cultivares, de órgãos públicos e empresas privadas, que se destacam em uma ou mais dessas características. O produtor deve escolher aquela que sobressai quanto à característica que julga mais importante para o seu sistema de produção, sem que, por outro lado, apresente deficiências graves, notadamente, suscetibilidade a doenças.


Época de semeadura:
é determinada pelas exigências climáticas da planta, em face das condições prevalecentes na região considerada e do ciclo previsto para a cultura (entre 140 e 170 dias, conforme a cultivar). Os pontos fundamentais são garantir umidade e temperatura suficientes para germinação, emergência e desenvolvimento das plantas e, principalmente, tempo relativamente seco na colheita. Na região Sul–Sudeste a maior probabilidade de sucesso ocorre para semeaduras entre 1o. de outubro e 20 de novembro.


Espaçamento e densidade:
em lavouras com colheita manual, e dependendo da fertilidade do solo e da cultivar empregada, o espaçamento entre linhas varia de 0,80 a 1m. Para colheita mecanizada, as máquinas mais modernas são bastante versáteis, com espaçamentos que variam entre 0,76 a 1m, conforme o número de linhas (2, 4 ou 5) colhidas de uma vez, pela máquina. Dependendo, também, das condições apontadas, o número de plantas na linha varia de 7 a 12 por metro linear.


Sementes necessárias:
conforme a cultivar, 100 sementes deslintadas quimicamente pesam de 8 a 10g. Dependendo do espaçamento e densidade utilizados, e da porcentagem de germinação, são necessários de 13 a 18 kg de sementes por hectare.


Calagem e adubação:
para adequada recomendação, há necessidade de análise química do solo. Aplicar calcário para elevar a saturação por bases do solo à faixa de 60 – 70%. Na semeadura, aplicar 10 kg/ha de N em mistura com P e K, conforme segue: para teores de P resina (mg/dm3) menores do que 6, de 7 a 15, de 16 a 40, de 41 a 80 e maiores do que 80, aplicar, respectivamente, 120, 100, 80, 60 e 40 kg/ha de P2O5; para teores de potássio trocável (m.molc/dm3) menores que 0,7, de 0,8 a 1,5, de 1,6 a 3,0, de 3,1 a 6,0 e maiores do que 6,0, aplicar, respectivamente, 120, 100, 80, 60 e 40 kg/ha de K2O (nos dois primeiros casos, parcelar a dose recomendada, aplicando em cobertura, juntamente com o nitrogênio, 40 kg e 20 kg/ha de K2O, respectivamente. Aplicar também na semeadura, 3 kg/ha de zinco e de 0,5 a 1,0 kg/ha de boro, em solos com baixos teores desses nutrientes. No caso do boro, elevar a dose para 1,2 a 1,5 kg/ha, caso já tenham ocorrido, na gleba, sintomas visuais de deficiência. O boro pode ser fornecido, também, em cobertura, junto com a primeira ou única adubação nitrogenada, em doses de até 1,5 kg/ha, ou por via foliar, junto com inseticidas, em aplicações semanais, no florescimento. Em cobertura, aplicar nitrogênio em doses variando de 30 kg/ha (solos em pousio prolongado ou após rotação com leguminosas) a 70 kg/ha, em solos intensamente cultivados e adubados, ou desgastados. Nas adubações de semeadura e em cobertura, garantir fornecimento de 20 a 40 kg/ha de enxofre. Atentar para recomendações específicas feitas pela entidade detentora da cultivar utilizada.


Técnicas de plantio:
além do método convencional, o algodoeiro adapta-se, também, ao sistema de plantio direto. Em qualquer dos casos é fundamental um plantio raso, com, no máximo, 3 cm de terra sobre as sementes, e o adubo colocado ao lado e abaixo destas. No plantio direto, além de equipamentos especiais, deve-se estar preparado para incidências maiores de pragas e doenças, no início da cultura, exigências adicionais de nutrientes, sobretudo nitrogênio, necessidade de manejo adequado da palhada ou dos restos da cultura anterior e problemas com o controle de ervas daninhas. Em ambos os casos, mas principalmente no sistema convencional, é indispensável o emprego de técnicas conservacionistas do solo.


Tratos culturais:
a cultura deve ser mantida livre de ervas daninhas durante todo o ciclo. Herbicidas seletivos, e métodos de aplicação e equipamentos que protegem as plantas, permitem o controle químico do mato. Cultivos manuais e mecânicos são também utilizados. A altura das plantas deve ser monitorada e controlada, se necessário mediante reguladores de crescimento, para que não ultrapasse, no estágio final, 1,5 vezes o espaçamento entre linhas adotado.


Pragas e seu controle:
as numerosas pragas que atacam o algodoeiro podem ser divididas em dois grupos: a) as que ocorrem principalmente no estabelecimento da cultura (broca–da–raiz, tripes, broca–do–ponteiro, percevejo castanho, pulgão, cigarrinha) e b) as que ocorrem principalmente no florescimento e na frutificação (curuquerê, mosca branca, lagarta–das–maçãs, ácaro branco, ácaro rajado, percevejo rajado, percevejo manchador, lagarta militar, lagarta rosada, bicudo). A forma mais racional de seu controle é através do manejo integrado, que compreende medidas como destruição de soqueiras, época e concentração de plantio, uso de cultivares tolerantes, rotação de cultura, monitoramento populacional, controle de bordaduras e focos, e uso de feromônios dentre outras. O controle químico se faz, conforme a espécie, através de produtos sistêmicos ou de contato.


Doenças e seu controle:
o algodoeiro é afetado por doenças altamente destrutivas como as murchas de Fusarium e de Verticillium, nematóides, mancha–angular, ramulose e mosaico das nervuras. Mesmo doenças tidas no passado como secundárias (alternaria, ramularia, cercospora e outras manchas foliares) podem tornar-se importantes, se incidirem em cultivares muito suscetíveis. O controle mais racional e econômico desses patógenos se dá mediante o uso de cultivares resistentes ou tolerantes, complementado por medidas profiláticas ou práticas culturais, dentre elas, o uso de sementes sadias, rotação de culturas, destruição de restos culturais, espaçamentos apropriados e adubações equilibradas. O controle químico é recomendado para tratamento de sementes e para algumas dessas doenças, especialmente as foliares, em caso de não se dispor de cultivares resistentes ou tolerantes.


Rotação recomendada:
adubos verdes e culturas comerciais como soja, milho, amendoim e mamona, cuidando para que não sejam utilizadas nestas, cultivares suscetíveis a patógenos que atacam também o algodoeiro.


Colheita:
de 140 a 170 dias de idade da cultura, conforme a cultivar e as condições ambientais e de cultivo. Pode ser realizada manualmente, em uma ou mais vezes, ou por colhedeiras mecânicas. Na manual, são necessários cerca de 25 homens/dia para colheita de 1 hectare. Na mecânica, o mesmo serviço pode ser realizado em 1,5 ou 3 horas, dependendo da máquina. Colher algodão seco e o mais limpo possível e não deixar algodão aberto, no campo, por mais de 10 dias.


Custos e produtividade:
culturas razoavelmente tecnificadas têm um custo mínimo de R$1.800 por hectare (safra 2004/05) e podem produzir cerca de 2400 kg/ha de algodão em caroço. Produtividades de 3.500 kg/ha ou mais, podem ser obtidas, porém, com custos acima de R$3.000 por hectare.

.

Capulho

MILTON GERALDO FUZATTO 1; LUIZ HENRIQUE CARVALHO 1 ; EDIVALDO CIA 1; NELSON MACHADO DA SILVA 1; EDERALDO JOSÉ CHIAVEGATO 2; REGINALDO ROBERTO LÜDERS1.

(1) Centro de Grãos e Fibras - IAC

(2) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz - USP

*Texto extraído do Boletim 200

Centro de Grãos e Fibras
Instituto Agronômico - IAC

Sem comentários:

Enviar um comentário

Procure aqui

Abacate Abacateiro Abacaxi Abajeru Abisinto/Losna Abiu Abobora Abobrinha Abrotamo Abrunheiro Abuta Abutua Acacia Acacia-Falsa Açafrão Açafrão do Prado Açafrão-Verdadeiro Açaí Acanto Acapurana Acariçoba Acelga Acerola Aconito Açucena Adonis Agarico Branco Agave Agnocasto Agoniada Agrião Agrião da Lagoa Agrião do brejo Agrimonia Aguapé Aipo Ajowan Alamanda Alcachofra Alcaçuz Alcaparra Alcarávia Alecrim Alecrim do Campo Alface Alfafa Alfavaca Alfazema Algodão Alho alimentação Almeirão Ameixa Amendoas. Amendoim Amieiro Amor do Campo Amora Andiroba Angelica Angico Anis Anis estrelado Aperta Ruão Aquiléia Araçá Araticum Arnica Aroeira aromaticas Arroz Arruda Artemisia Artemísia Aspargo Assa Peixe Avelã Avenca Azeitona Babaco Babaçu Babosa Babosa (Aloe Vera) Bacupari Bacuri Baleeira Banana Barbatimão Bardana Baru Batata Batata de purga Batata doce Baunilha Beringela Betadine /ERVA ANDORINHA Betula Bilimbi Biribá Boldo do Chile Borragem Borrazeira-branca Brejauva Brocolis Buchinha do Norte Burirti Butiá Caapeba Cabaça Cabelo de Milho Cabeludinha Cabreuva Cacaueiro Cactus Café Caferana Caimito Cajazeiro Cajepute Caju Calabaça Calabura Calaminta Calamo Calamondim Calendula Calumba Cambará Cambucá Cambuí Camomila Cana Comum Cana de Açucar Cana de Macaco Cana do Brejo Canambaia Canela Canfora Canfora de Jardim Canhamo Capacete de Jupter Capim Cidrão Capim Limão Capim pé de galinha Capim Rosário Capim Santo Capitu Capuchinha Caqui Cará Caralluma Carambola Carapiá Cardo Mariano Cardo Santo Carnaúba Caroba Carobinha Carpineira Carqueja Amarga Carqueja Doce Carrapicho Carvalho-alvarinho Casca de Carvalho Casca Preciosa Cascara Sagrada Castanha da India Castanha do Pará Castanha Portuguesa Catinga de Mulata Catingueira Catuaba Cavalinha Cebola Cenoura Centaurea Centella Cerefólio Cerejeira Chá de Brugre Chá de Bugre Chá Preto Chá Verde Chapéu de Couro Chapéu de Napoleão Chicoria Choupo negro Chuchu Cimicifuga Cipó Azougue Cipó Cabeludo Cipó Cabloco Cipó Cravo Cipó Cruz Cipó Cruzeiro cipo de são joão Cipó Prata Cipó Suma Cipreste Coco Coentro Cogumelo Comigo-Ninguem-Pode Confrei conselhos uteis Copaiba Copo-de-Leite Cordão de Frade Coronha Couve Couve-flor Cravo da India Cubiu curativas Curcumã curiosidades Damiana Dente de Leão doenças Douradinha Embauba Endro Equinácea Erva Baleeira Erva Cidreira Erva de Bicho Erva de Passarinho Erva de Santa Maria Erva de São João Erva Doce Erva Picão Erva Tostão ervas ervas. Pega Pinto Escarola Espinafre Espinheira Santa estetica Eucalipto EUROPEIAS Fedegoso Feijão Feijão Azuki Fenogrego Figo Freixo Fruta pão frutas Frutas para diabetes Fucus Vesiculosus Funcho Garra do Diabo Genciana Gengibre Gergelim Gervão Roxo Ginkgo biloba Ginseng Goiaba grãos Grapefruit Graviola Guaçatonga Guaco Guaraná Hamamélis Hibisco Hipérico Hortelã Imburana de Cheiro Indicador de Ervas Medicinais Ingá Inhame Ipe Roxo Ipecacuanha Jaborandi Jabuticaba Jaca Jacatupe Jambo Jambolão Japecanga Jarrinha Jasmim Jatobá Jenipapo Jequitibá Juazeiro Jurema Preta Jurubeba Lacre Vismia Lágrimas de N.Srª Laranja legumes Limão Linhaça Lobélia Losna Lotus Louro Lúcia-lima Lupulo Maçã Macela Malva Mama Cadela Mamão Mamica de Cadela Mandioquinha Manga Mangabeira Manjericão Maracujá Marapuama Marcela Mate Maxixe Maxixe Peruano Medronheiro Medronho Melancia Melão Melão de São Caetano Melissa Menta Mentruz Mil Homens Milho Morango Mostarda Mulungu Mussambé Mutamba Nabo Nó de Cachorro Nogueira Nóz de Cola Noz-Moscada nutrição Oliveira Oregano Pacová Palma Christi Palmito Panacéia Papo de Peru para meditar Parietaria Pariparoba Parreira brava Pata-de-vaca Pau d'arco Pau Ferro Pau Pereira Pau Tenente Pedra-Ume-kaa Pepinos Pequizeiro Pera pilriteiro Pimenta Pimenta de macaco Pimentão Pinha Pinheiro manso Pistache Pitangueira Pitomba plantas toxicas Poaia Poejo Porangaba preparo Pulmonária Pulsatilla Quebra Pedra Quiabo Quina-Quina Quinua Quixabeira Rabanete Repolho Romã Rooibos Rosa Branca Rosa-rubra Rucula Ruibarbo sabal serrulata Sabugueiro Salgueiro-branco Salsa Salsaparrilha Salvia Samambaia Sapé Sapotí Sassafrás Segurelha Sene Sete Sangrias Sobreiro Soja Stevia Sucupira Tajá de Cobra Tamarillo ou tomate de árvore Tanchagem Tayuia Tilia Tomate Tomilho Ulmeiro Umbauba Unha de Gato Urtiga Urucum Uva Uva Ursi Valeriana Velame do campo Verbasco Verbena verduras Vetiver Vidoeiro Vitex Agnus-castus zedoaria Zimbro